Você sabia que o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de câncer no Rio Grande do Norte e também no Brasil, ficando atrás somente do câncer de mama? Ele é mais prevalente em pessoas com mais de 60 anos, mas a depender de fatores genéticos, ambientais ou de estilo de vida pode se manifestar antes dessa idade. É um dos tipos de câncer mais estudados pelo Centro de Pesquisa Clínica (CPC) da Liga Contra o Câncer, que vem ganhando relevância internacional pelos resultados apresentados localmente.
A Liga desenvolve diversas pesquisas sobre câncer de próstata, como é o caso das novas práticas medicamentosas aplicadas desenvolvidas em parceria com os laboratórios Bayer e Janssen, que já apresentam resultados muito positivos, trazendo esperança e maior tempo de vida para os pacientes participantes.
A primeira delas está em curso há quatro anos e teve resultados apresentados pela Liga no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), ocorrido no início deste mês de junho em Chicago, nos Estados Unidos, e foi publicado na The New England Journal of Medicine – uma das revistas acadêmicas de maior relevância mundial na área médica. A oncologista clínica e coordenadora médica do Departamento de Pesquisa Clínica da Liga, Dra. Andrea Juliana Gomes, acompanhou os resultados, que foram apresentados no evento para médicos de todo o mundo.
A pesquisa aborda um tratamento revolucionário sobre a aplicação de quimioterapia e bloqueio hormonal duplo em pacientes com câncer de próstata com metástase, ou seja, já em estágio avançado. É o estudo ARASENS, que utiliza darolutamida e docetaxel em pacientes recém diagnosticados metastáticos ou que recidivaram. Mais de 1.300 pacientes foram envolvidos na pesquisa em todo mundo, sendo alguns deles tratados pela Liga Contra o Câncer em Natal. O estudo indicou uma redução de risco de morte de 32% por meio da terapia de bloqueio hormonal duplo: uma esperança de mais tempo de vida com qualidade para esses pacientes.
A pesquisa é conduzida, em Natal, pela Dra. Andrea Juliana Gomes. Para ela, “a importância de se fazer esse tipo de estudo é, primeiramente, levar ao paciente a possibilidade de viver mais. A pesquisa facilita o acesso dos tratamentos aos pacientes, porque há várias medicações que não estão disponíveis ainda no SUS. Por meio da pesquisa, ele tem acesso ao que há de mais moderno neste tipo de tratamento, com rapidez e sem nenhum custo, com todos os procedimentos e exames sendo custeados pelo laboratório financiador da pesquisa”, explicou.
Biomarcadores genéticos
No outro estudo em curso sobre o câncer de próstata em que a Liga está envolvida, a instituição figura como coautora científica. Chamada de “Magnitude”, trata-se de uma pesquisa bastante sofisticada sobre um remédio voltado a pacientes com predisposição genética ao câncer de próstata, ou seja, com biomarcadores genéticos específicos para a doença. É feito um teste genético no paciente, nesse caso também com câncer metastático, e se ele tiver as marcações genéticas especificadas vai receber a medicação para ter o tratamento otimizado. O remédio inovador atua diretamente na destruição das células cancerígenas. “Já temos registrados resultados muito positivos”, ressalta a médica Andrea Juliana.
A pesquisa já tem produzido resultados de fundamental importância para algumas pessoas, como é o caso de José Soares da Silva Segundo, de 70 anos, morador da cidade de Coronel Ezequiel, paciente com câncer de próstata com metástase. Ele é participante da pesquisa e recebe os medicamentos, que já mudaram completamente sua qualidade de vida. “Graças a Deus com esse tratamento estou bom, ele renovou a minha vida, agora consigo me levantar, comer. Eu dou o maior apoio à Liga, ao povo que trabalha na Liga, que cuida da gente muito bem”, diz.
Centro de Pesquisa Clínica da Liga tem relevância internacional
As pesquisas são realizadas por meio do Centro de Pesquisa Clínica (CPC) da Liga Contra o Câncer, que tem 15 anos de relevância e renome nacional e internacional em pesquisa oncológica. Trata-se de uma unidade de pesquisa clínica dedicada à investigação nessa área e conta com uma equipe multidisciplinar, especializada e altamente qualificada, tendo como principal objetivo a atenção individualizada de cada paciente participante da pesquisa e um corpo de investigadores clínicos atuando em parceria técnico-cientifica regulamentada na área oncológica, desenvolvendo todas as etapas de um estudo clínico.
O Centro de Pesquisa Clínica apresenta infraestrutura, logística e suporte tecnológico que possibilitam conduzir estudos clínicos dentro de condições ideais, seguindo rigorosamente o manual de Boa Prática Clínicas (BPC) ou Good Clinical Practice (GCP), elaborado pela International Conferenceon Harmonisationof Technical Requirements for Registrationof Pharmaceuticals for Human Use (ICH), além das diretrizes e normativas nacionais regulamentadas pelo Conselho Nacional de Saúde, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde.
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