A Liga Contra o Câncer em parceria com a Universidade de Paris e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, elabora um estudo que tem como objetivo avaliar uma nova alternativa no tratamento das fístulas digestivas, utilizando nanotecnologia aplicada, que promete inovar os métodos de intervenção.
A fístula digestiva é uma das complicações mais desafiadoras para o cirurgião, pois afeta toda a evolução pós-operatória do paciente. Conceituada como sendo um tipo de comunicação anormal entre tecidos, em se tratando de pacientes oncológicos seu tratamento assume importância ainda maior, pois tende a aumentar o tempo de internamento hospitalar, elevando a letalidade da doença de base e reduzindo consequentemente o tempo de sobrevida do paciente.
Atualmente, mesmo com o progresso dos tratamentos medicamentosos e as novas técnicas cirúrgicas, a prevalência de fístulas digestivas permanece elevada, particularmente em pacientes portadores de múltiplas comorbidades. Diante disso, o presente estudo é fruto de um esforço interinstitucional e parceria internacional, envolvendo pesquisadores brasileiros e franceses, no intuito de se obter uma alternativa viável e efetiva no tratamento pós-operatório, utilizando nanotecnologia aplicada.
O estudo será realizado com conjunto com uma equipe francesa, que evidenciou, a partir de modelo experimental em suínos, que a administração local e endoscópica de um gel de Poloxamer 407 favoreceu o fechamento de fístulas digestivas. “Os resultados obtidos são promissores e nos motivam a investigar o potencial desta terapia em pacientes, o que já está em andamento aqui na França em conjunto com o Professor Doutor Gabriel Rahmi. No Brasil, este estudo será possível graças a iniciativa inovadora da Liga Contra o Câncer e da farmácia Evidence, que também é parceira desta colaboração” relata a pesquisadora franco-brasileira Amanda Silva Brun-Graeppi, da Universidade de Paris”.
O projeto foi submetido ao Comitê de Pesquisa e Extensão da LIGA e na fase seguinte segue para o Comitê de Ética. Trata-se de um estudo de caráter prospectivo, seguindo as normas vigentes da resolução CONEP 466/12 e todos os preceitos éticos que envolvem a pesquisa em seres humanos.
“Como cirurgião oncológico, sinto que a pesquisa trará uma nova alternativa para o tratamento das fístulas digestivas pós-operatórias, o que nos deixa entusiasmados em participar, uma vez que teremos uma opção terapêutica avançada no intuito de obtermos não somente bons resultados pós-operatórios, como também ofertar aos nossos pacientes melhor qualidade de vida com redução da morbimortalidade advinda deste tipo de complicação de difícil manejo terapêutico”, afirma Thiago Pires, Chefe da Cirurgia Oncológica da LIGA e pesquisador do projeto.
Os pacientes serão selecionados de acordo com os critérios do estudo, tratados e examinados no intuito de avaliar o fechamento do trajeto fistuloso. Os desfechos serão avaliados em seis e 12 meses após o início do tratamento. “As fístulas digestivas pós-operatórias sempre foram um desafio e é isso que nos motiva a conduzir tal pesquisa, pois além de estarmos buscando um tratamento eficaz para esta desagradável complicação, estaremos reforçando os laços entre a comunidade acadêmica da LIGA e UFRN, promovendo ao mesmo tempo a cooperação internacional com uma das mais bem conceituadas universidades do mundo, que é a Universidade de Paris, cumprindo nossa missão de disseminar o saber”, ressalta o coordenador do projeto no Brasil, Prof. Dr. Irami Araújo Filho (UFRN/LIGA).
Como parte inicial da pesquisa, foi publicado artigo no periódico Nanoscale, sob o título “Local administration of stem cell-derived extracellular vesicles in a thermoresponsivehydrogel promotes a pro-healing effect in a ratmodel of colo-cutaneous post-surgical fistula”.
Bolsas de Pesquisa CNPq
Sempre em busca do aperfeiçoamento no tratamento e em fornecer o acesso de novas terapias aos seus pacientes, a LIGA viabilizou junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência a aprovação de Bolsas de Iniciação Científica pelo CNPq. Os bolsistas participarão diretamente das próximas etapas do estudo do tratamento das fístulas digestivas.
“A aprovação das 10 Bolsas de Iniciação Científica pelo CNPq fortalece o compromisso da LIGA com os seus pilares, que vai além da assistência: ensino, pesquisa, extensão e inovação. Dentro deste escopo, a instituição se caracteriza por ser uma unidade de referência em procedimentos de alta complexidade, envolvendo elevada densidade tecnológica além de ser um centro de formação, ensino e atuação de importantes especialidades de saúde contribuindo nos processos de inovação assistencial e incorporação tecnológica”, ressalta o Prof. Dr. Edilmar de Moura Santos, Diretor do Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação da LIGA.
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